Planejamentos: Pensamento Computacional da BNCC para a Educação Infantil

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Você já ouviu falar em pensamento computacional para a educação infantil e achou que isso era coisa de gente que entende tudo de tecnologia? Se sim, pode respirar aliviado. Neste artigo, vamos conversar sobre esse tema de um jeito leve e bem prático. Afinal, educar crianças pequenas é um trabalho cheio de amor, criatividade e, claro, planejamento.

A BNCC (Base Nacional Comum Curricular) incluiu o pensamento computacional nas habilidades que as crianças devem desenvolver desde cedo. Mas calma, isso não quer dizer que você precisa colocar computadores na sala de aula. O foco está em estimular o raciocínio lógico, a organização de ideias e a resolução de problemas – tudo de forma lúdica, com brincadeiras que cabem na realidade da maioria das escolas brasileiras.

Neste texto, vou te mostrar como isso funciona na prática e te dar dicas para incluir essa habilidade tão importante no seu planejamento.

1. O que é Pensamento Computacional, afinal?

Antes de tudo, vamos deixar claro: pensamento computacional não é ensinar programação para crianças pequenas. É muito mais sobre desenvolver a maneira como elas pensam, resolvem desafios e organizam ideias.

Imagine uma criança tentando montar um quebra-cabeça. Ela olha as peças, separa por cores, tenta encaixar, erra, tenta de novo… Isso é pensamento computacional! É o famoso “aprender fazendo”, aprendendo com os erros, testando hipóteses, criando estratégias.

Segundo a BNCC, esse tipo de pensamento ajuda a criança a:

  • Resolver problemas simples do dia a dia.
  • Aprender a lidar com frustrações.
  • Desenvolver paciência e foco.
  • Pensar de forma lógica e criativa.

Ou seja, é uma habilidade que vai muito além da informática – ela ajuda no desenvolvimento integral da criança.

Leia também: BNCC da Computação: O Que Muda no Ensino de Tecnologia?

2. Como aplicar o Pensamento Computacional para a Educação Infantil

Agora vem a parte boa: como colocar tudo isso em prática sem complicação? A seguir, você vai ver ideias simples e divertidas que se encaixam no seu planejamento e respeitam o ritmo da infância.

2.1. Atividades desplugadas (sem uso de computador)

Nem toda escola tem acesso à tecnologia de ponta, mas isso não é um problema. Dá pra trabalhar o pensamento computacional com materiais que você já tem:

  • Sequência de histórias: Use cartões com imagens para que as crianças coloquem na ordem certa. Isso estimula o raciocínio lógico.
  • Rotina do dia: Peça para as crianças ajudarem a montar a rotina da turma. Que tal usar figuras para mostrar o que vem primeiro, depois, por último?
  • Brincadeira de robô: Uma criança é o robô e a outra dá os comandos (“dê dois passos para frente”, “vire à direita”). Isso ensina instruções e sequência de ações.

Essas atividades são ótimas para introduzir os conceitos de forma leve e acessível.

2.2. Jogos com regras simples

Jogos são uma excelente forma de desenvolver o pensamento estratégico. Veja alguns exemplos:

  • Jogo da velha: ajuda a entender estratégia e previsão.
  • Dominó: trabalha associação e sequência lógica.
  • Corridas com obstáculos: onde a criança precisa pensar qual o melhor caminho.

Além disso, esses jogos estimulam o trabalho em grupo, a cooperação e o respeito às regras.

2.3. Música e movimento

Sim! Música e movimento também são ferramentas poderosas:

  • Brincadeira de imitação com sequência: “Bata palmas, pule, gire”. Depois a criança tem que repetir a sequência certa. Você pode ir aumentando a dificuldade aos poucos.
  • Dança das cores: ao ouvir o som, a criança corre para o tapete da cor certa. Isso ajuda a ligar comandos à ação, o que é essencial no pensamento computacional.

3. Pensamento Computacional e BNCC: por que isso é importante?

A BNCC destaca que as crianças da educação infantil devem aprender a pensar, agir e sentir em grupo, além de desenvolver a autonomia e o raciocínio lógico. O pensamento computacional entra justamente nesse ponto.

Ele aparece principalmente no campo de experiências “Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações”. Isso quer dizer que, ao fazer atividades como montar uma torre de blocos, contar objetos ou ordenar tamanhos, a criança já está treinando essa habilidade de forma natural.

Além disso, as escolas que alinham suas propostas à BNCC tendem a ter planejamentos mais consistentes, reconhecidos e valorizados pelas famílias e pela equipe gestora.

4. Sugestões de planejamentos pedagógico

Agora que você já entendeu tudo, que tal pensar em como registrar essas atividades no seu planejamento?

Abaixo estão 5 planos de aula integrados para crianças de 5 anos, cada um envolvendo uma ou mais habilidades de Pensamento Computacional da BNCC para a Educação Infantil. Todas as propostas incluem atividades com e sem o uso do computador, são lúdicas e adequadas ao desenvolvimento infantil.


🧩 Plano de Aula 1 – Descobrindo Padrões

Faixa etária: 5 anos
Habilidade: EI03CO01 – Reconhecer padrão de repetição em sequência de sons, movimentos, desenhos.
Objetivos:

  • Reconhecer padrões de repetição em sons, movimentos e desenhos.
  • Desenvolver atenção, ritmo e coordenação motora.

Materiais:

  • Instrumentos musicais simples (chocalho, tambor, pandeiro)
  • Cartões com padrões de cores e formas
  • Computador/tablet com o site Chrome Music Lab – Rhythm

Desenvolvimento:

Atividade Desplugada:

  1. Professor cria sequências com palmas e instrumentos.
  2. Crianças repetem e criam seus próprios padrões.
  3. Montam sequências visuais com cartões de cores e formas.

Atividade com Computador:

  1. Usam o Chrome Music Lab para montar padrões musicais.
  2. Observam e comparam os sons gerados, reforçando o conceito de repetição.
Pensamento Computacional da BNCC para a Educação Infantil

🧩 Plano de Aula 2 – Passo a Passo do Meu Dia

Faixa etária: 5 anos
Habilidade: EI03CO02 – Expressar as etapas para a realização de uma tarefa de forma clara e ordenada.
Objetivos:

  • Expressar etapas de uma rotina ou tarefa com clareza.
  • Desenvolver a organização de ideias e a oralidade.

Materiais:

  • Cartelas com imagens de ações diárias
  • Papel, lápis de cor
  • Jogo Quebra-cabeças

Desenvolvimento:

Atividade Desplugada:

  1. Crianças organizam imagens da rotina (ex: acordar, escovar os dentes).
  2. Relatam oralmente como fazem uma tarefa conhecida (ex: montar um quebra-cabeça).

Atividade com Computador:

  1. Relatam oralmente como fazem uma tarefa conhecida (ex: montar um quebra-cabeça online).

🧩 Plano de Aula 3 – Robô de Verdade

Faixa etária: 5 anos
Habilidades:

  • EI03CO03 – Experienciar a execução de algoritmos brincando com objetos (des)plugados.
  • EI03CO04 – Criar e representar algoritmos para resolver problemas.
    Objetivos:
  • Compreender e executar comandos em sequência.
  • Criar algoritmos simples para alcançar um objetivo.

Materiais:

  • Tapete quadriculado ou fita formando um tabuleiro
  • Cartões com setas (direções)
  • Computador/notebook ou tablet.

Desenvolvimento:

Atividade Desplugada:

  1. Um aluno é o “robô” e outro o “programador” que usa setas para guiá-lo.
  2. Simulam caminhos no tabuleiro até um objetivo.
  3. Criam juntos a “programação” em papel antes de testar no chão.

Atividade com Computador:

  1. Utilizar o jogo Programe o Robô da Digipuzzle.
  2. Identificam o que precisa mudar se o personagem errar o caminho.
Pensamento Computacional da BNCC para a Educação Infantil

🧩 Plano de Aula 4 – Qual Caminho é Melhor?

Faixa etária: 5 anos
Habilidade: EI03CO05 – Comparar soluções algorítmicas para resolver um mesmo problema.
Objetivos:

  • Comparar diferentes formas de resolver um problema.
  • Estimular raciocínio lógico e reflexão.

Materiais:

  • Dois caminhos distintos em um tabuleiro no chão
  • Cartões de direção
  • Jogos de labirinto

Desenvolvimento:

Atividade Desplugada:

  1. Crianças tentam caminhos diferentes para levar um boneco até um “castelo”.
  2. Contam quantos passos usaram e comparam com os colegas.
  3. Discutem qual rota foi mais rápida ou fácil.

Atividade com Computador:

  1. Jogam labirintos simples.
  2. Tentam refazer usando menos comandos e compartilham suas soluções.

🧩 Plano de Aula 5 – Sim ou Não?

Faixa etária: 5 anos
Habilidade: EI03CO06 – Compreender decisões em dois estados (verdadeiro ou falso).
Objetivos:

  • Compreender o conceito de “sim ou não” e “verdadeiro ou falso”.
  • Estimular o pensamento lógico e tomada de decisão.

Materiais:

  • Cartelas “SIM” e “NÃO”
  • Cartazes com perguntas simples
  • site Kahoot!

Desenvolvimento:

Atividade Desplugada:

  1. O professor faz perguntas simples (ex: “O sol é quente?”) e as crianças levantam “SIM” ou “NÃO”.
  2. Simulam situações do cotidiano com decisões lógicas (ex: “Se está chovendo, posso ir brincar no parque?”).

Atividade com Computador:

Crie flashcards simples no estilo ‘Sim ou Não’ no Kahoot, com perguntas lúdicas e educativas para as crianças responderem.

Pensamento Computacional da BNCC para a Educação Infantil


Principais Pontos sobre Pensamento Computacional para a Educação Infantil

  • O pensamento computacional ajuda a criança a resolver problemas e organizar ideias.
  • Ele pode ser trabalhado sem o uso de computadores, com atividades simples do dia a dia.
  • A BNCC valoriza esse tipo de raciocínio desde a educação infantil.
  • Jogos, músicas e brincadeiras são ótimos recursos para explorar esse tema.
  • É possível adaptar facilmente as ideias para a realidade da sua escola.
  • Incluir esse conteúdo no planejamento mostra um trabalho alinhado e inovador.

Conclusão

Trabalhar o pensamento computacional para a educação infantil pode parecer desafiador à primeira vista, mas quando entendemos que se trata de desenvolver o jeito como as crianças pensam e resolvem problemas, tudo fica mais leve. É possível fazer isso com atividades que já usamos, apenas dando um novo olhar.

Não é necessário investir em grandes equipamentos ou conhecer programação. O mais importante é observar, escutar e propor desafios que despertem a curiosidade e o raciocínio lógico de forma natural, com brincadeiras, histórias e jogos. Assim, a criança aprende brincando – e isso é o que faz mais sentido nessa fase da vida.

Por fim, lembrar que cada professor tem seu jeitinho de ensinar, sua criatividade e sua conexão com os pequenos é o que torna esse processo ainda mais especial. O pensamento computacional é só mais uma forma de valorizar ainda mais o que você já faz tão bem.

👉 Coloque essas ideias em prática e comece a transformar o raciocínio dos seus pequenos com leveza e criatividade. Se este conteúdo te ajudou, compartilhe com outros professores e salve para consultar sempre que quiser renovar seu planejamento. Comente aqui o que você achou!

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