A palavra “programação” pode até parecer complicada à primeira vista. Mas, quando a gente entende o que ela realmente significa, tudo muda. Ensinar programação para crianças e adolescentes não é sobre virar expert em computadores. É sobre desenvolver o raciocínio, a criatividade e o pensamento lógico de forma leve, divertida e bem acessível.
Se você é professor ou professora e está curioso para levar esse conteúdo para a sala de aula, mesmo sem ser da área de tecnologia, fique tranquilo. Você não precisa saber tudo. Basta dar o primeiro passo com seus alunos, aprender junto e, principalmente, acreditar que eles são capazes de muito mais do que imaginamos.
Neste artigo, vamos conversar sobre como fazer isso acontecer, mesmo sem computador, com ferramentas gratuitas e muita criatividade. Vamos lá?
1. O que é programação, afinal?
Programar é basicamente ensinar o computador a fazer algo, por meio de comandos. É como montar uma receita de bolo: você dá instruções claras, passo a passo, e o computador executa.
Mas o mais importante é o que está por trás disso: quando uma criança aprende programação, ela também aprende a pensar de forma organizada, resolver problemas, lidar com erros e criar soluções novas.
Essas habilidades não servem só para quem quer seguir carreira em tecnologia. Elas servem para a vida.
Além disso, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) já reconhece a importância do pensamento computacional como uma competência essencial para os estudantes, reforçando que ensinar programação vai muito além do uso da tecnologia — trata-se de desenvolver habilidades para a vida
2. Por que ensinar programação para crianças e adolescentes?
Quando ensinamos programação desde cedo, ajudamos nossos alunos a:
- Desenvolver o pensamento lógico;
- Trabalhar em equipe;
- Persistir diante de erros;
- Serem criativos e autônomos.
Além disso, o mundo está cada vez mais digital. Ensinar programação é dar uma ferramenta poderosa para que eles deixem de ser só consumidores de tecnologia e passem a ser criadores.
3. Precisa de computador para ensinar programação?
Essa é uma dúvida comum. E a resposta é: não. Claro que o computador ajuda, mas existem várias formas de trabalhar os conceitos de programação sem tecnologia, especialmente com os menores.
Você pode usar jogos de tabuleiro, atividades com papel e caneta, brincadeiras com setas no chão, dobraduras, entre outras dinâmicas.
Essas atividades desenvolvem o pensamento computacional, que é a base para aprender programação no futuro.
4. Como começar na prática?
4.1 Para os pequenos (Educação Infantil e Anos Iniciais)
Com as crianças menores, o foco deve ser em atividades que trabalham comandos simples e sequências.
Sugestões práticas:
- Brincadeira das setas: desenhe setas no chão e peça que as crianças conduzam um colega ou um boneco até um destino. Isso ensina lógica de comandos (avançar, virar, voltar).
- Desenho por instrução: uma criança dá comandos (ex: “faça um círculo, agora uma linha”) e outra desenha, sem ver o modelo.
- Sequência de histórias: entregue figuras embaralhadas e peça que organizem na ordem certa.
Essas atividades estimulam a sequência lógica, base de toda linguagem de programação.
4.2 Para os adolescentes (Anos Finais e Ensino Médio)
Aqui já é possível usar ferramentas digitais simples e gratuitas que ensinam programação visual, por blocos. Isso torna o aprendizado mais intuitivo.
Plataformas recomendadas:
- Scratch: gratuito, em português e super visual. Os alunos montam jogos, histórias e animações usando blocos de comandos.
- Code.org: oferece cursos gratuitos por faixa etária, inclusive com trilhas em português. É ideal para uso em sala.
- Tynker: possui versão gratuita e oferece jogos interativos que ensinam a lógica da programação.
- Blockly Games: do Google, com desafios simples e coloridos.

5. Como organizar uma aula de programação?
Passo a passo simples:
- Apresente a ideia: explique o que é programação de forma leve, com exemplos do cotidiano (como montar um sanduíche ou seguir uma receita).
- Mostre uma atividade prática: pode ser no papel, em um jogo de blocos ou no computador.
- Deixe-os experimentar: quanto mais os alunos puderem explorar, melhor.
- Estimule a troca: incentive que mostrem os projetos uns para os outros.
- Reflita sobre os erros: mostre que errar faz parte. Cada erro é uma chance de melhorar o raciocínio.
6. Dicas para o professor que nunca ensinou programação
- Aprenda junto: use as mesmas ferramentas dos alunos. Você não precisa saber tudo.
- Comece devagar: uma atividade por semana já faz diferença.
- Integre com outras matérias: dá para usar o Scratch em História, Matemática, Arte…
- Use exemplos do dia a dia: programação está presente em tudo – até no funcionamento de um semáforo!
- Evite termos técnicos no início: use linguagem do cotidiano.
7. Como avaliar atividades de programação?
Você pode observar:
- Se o aluno conseguiu seguir uma sequência lógica;
- Se resolveu problemas de forma criativa;
- Se melhorou um projeto após feedback;
- Se conseguiu trabalhar em grupo.
A avaliação pode ser feita por meio de rubricas simples, autoavaliação ou apresentação dos projetos.
8. Tecnologias acessíveis e gratuitas para professores no Brasil
Todas as ferramentas citadas acima são gratuitas e estão disponíveis em português. Além delas, veja mais opções:
- Hora do Código: eventos e atividades para uma aula ou projeto especial.
- Studio.code.org: com aulas prontas e jogos educativos.
- Lightbot: jogo simples para ensinar lógica, com versão online gratuita.
9. Programação vai muito além de computadores
Mesmo que você não tenha laboratório de informática na escola, é possível ensinar lógica de programação com papel, jogos, desafios em grupo e até encenações. O mais importante é cultivar a curiosidade, a autonomia e o desejo de criar.
Aos poucos, seus alunos vão entender que programar é criar soluções para problemas reais, de forma lógica e divertida.
Leia também: BNCC da Computação: O Que Muda no Ensino de Tecnologia?
Principais pontos sobre programação para crianças e adolescentes
- Programar é dar instruções de forma lógica.
- Pode-se começar sem computador.
- O ensino desenvolve criatividade, lógica e resolução de problemas.
- Plataformas como Scratch e Code.org ajudam muito.
- Professores não precisam dominar tudo para começar.
- Avaliar é observar o processo, não só o resultado.
- Programação pode ser usada em qualquer disciplina.
Conclusão
Ensinar programação para crianças e adolescentes pode parecer um desafio à primeira vista. Mas, com um pouco de criatividade, paciência e boas ferramentas, é possível transformar essa experiência em algo leve, educativo e até divertido.
Os alunos aprendem mais do que códigos: desenvolvem o raciocínio, a autonomia e a capacidade de enfrentar problemas com coragem. E você, como educador, se fortalece como um guia para o futuro digital deles.
Comece com o que tem em mãos. Teste uma atividade simples. Compartilhe seus erros e acertos. Aos poucos, o mundo da programação se abre – e você verá o brilho nos olhos de quem aprende fazendo.
💡 Que tal planejar uma aula simples com setas no chão ou conhecer o Scratch agora mesmo? Você vai se surpreender com o quanto isso pode mudar a forma como seus alunos aprendem!
🗨️ E você, já tentou ensinar programação em sala de aula? Compartilhe sua experiência ou dúvida aqui nos comentários!