Nos últimos dias, o mundo voltou seus olhos para uma decisão surpreendente vinda da Suécia. O país, antes referência global em inovação educacional, decidiu recuar no uso excessivo da tecnologia nas escolas. Essa medida reacende uma discussão importante: até que ponto a tecnologia realmente ajuda na aprendizagem dos alunos?
Por que a Suécia reduziu a tecnologia na escola
A palavra-chave aqui é excesso. Afinal, a Suécia foi um dos países que mais apostou na digitalização do ensino; por isso, colocou tablets nas mãos dos alunos desde os primeiros anos escolares e substituiu os livros físicos por versões digitais.
Mas, de acordo com a ministra da Educação sueca, Lotta Edholm, o país percebeu que a tecnologia, quando usada de forma intensa e sem equilíbrio, não trouxe os resultados esperados. Na verdade, houve queda no desempenho em leitura e compreensão textual, especialmente entre os alunos mais novos.
Segundo a notícia publicada no site Regeringen, a Suécia agora está investindo 480 milhões de coroas suecas para retomar os livros físicos e limitar o uso de telas em sala de aula; desse modo, o objetivo é reencontrar o equilíbrio e recuperar o foco na aprendizagem significativa.
Como começou a digitalização da educação na Suécia
Nos últimos dez anos, a Suécia implementou uma política ousada: levar a tecnologia ao centro da sala de aula. Desse modo, os tablets substituíram os livros, as atividades passaram a ser feitas em aplicativos e, além disso, os professores adotaram plataformas digitais para planejar e aplicar o conteúdo.
A ideia era boa: preparar os alunos para o futuro digital. No entanto, ao longo do tempo, foram percebidos alguns efeitos colaterais:
- Dificuldade de concentração por parte dos alunos;
- Leitura superficial e menos aprofundada;
- Falta de interação real entre alunos e professores;
- Problemas visuais e físicos relacionados ao tempo de tela;
- Desigualdade digital fora da escola, já que nem todos tinham acesso a internet de qualidade em casa.
Além disso, muitos pais reclamavam que não conseguiam acompanhar a vida escolar dos filhos, já que tudo era feito por meio de plataformas com as quais não estavam familiarizados.
Quais ações a Suécia vai tomar agora
O país está realizando uma grande reestruturação em sua política educacional. As principais ações são:
- Reintrodução de livros didáticos impressos;
- Restrição do uso de telas para crianças pequenas;
- Avaliação mais rigorosa de quais recursos digitais serão permitidos;
- Capacitação de professores para lidar com a nova fase de “equilíbrio tecnológico”;
- Incentivo à leitura no formato tradicional.
Muitos educadores consideram essas medidas um esforço para resgatar a aprendizagem profunda, baseada em leitura, escrita manual, concentração e interação social.
E o Brasil? Estamos prontos para abrir mão da tecnologia?
No Brasil, nunca se cogitou substituir totalmente os métodos tradicionais por soluções digitais; afinal, ainda enfrentamos muitos desafios estruturais. Assim, a tecnologia, quando presente, atua como um apoio, e não como base única do ensino.
A realidade brasileira:
- O uso de livros didáticos impressos continua sendo a principal forma de acesso ao conteúdo escolar na rede pública.
- Embora o uso de tecnologia esteja crescendo, a infraestrutura digital ainda é insuficiente em grande parte das escolas públicas.
- Existe um esforço crescente para levar internet para todas as escolas, mas ainda estamos longe do ideal;
- Muitos estudantes só aprendem a usar o computador na escola, e se esse contato não existir, ficarão em desvantagem em relação a colegas com acesso em casa.
Além disso, o uso de tecnologia no Brasil ainda é muito desigual. Há escolas urbanas bem equipadas, com computadores, internet e até laboratórios de robótica, enquanto outras, especialmente nas áreas rurais, mal têm infraestrutura básica.

Nova lei: celulares proibidos nas escolas brasileiras
Em 2024, o Brasil aprovou uma medida polêmica: a proibição do uso de celulares nas escolas. Muitos educadores, que viam o celular como um fator de distração, receberam bem a ideia. No entanto, a medida também levantou preocupações sobre a falta de uma política mais ampla de uso consciente da tecnologia.
Afinal, proibir não é o mesmo que educar para o uso responsável. E em tempos de inteligência artificial e redes sociais, essa discussão é mais importante do que nunca.
A tecnologia deve ser inimiga ou aliada da educação?
Essa talvez seja a questão mais importante de todas. A tecnologia, sozinha, não é nem boa nem ruim. Tudo depende de como e quando é utilizada.
Na escola, o papel do professor é fundamental para ensinar o uso consciente e produtivo das tecnologias. Muitos alunos têm acesso à internet em casa, mas usam apenas para jogos e redes sociais. A escola pode (e deve) mostrar caminhos diferentes:
- Como usar o Google para estudar e não só para buscar memes;
- Como criar apresentações, planilhas e textos com ferramentas gratuitas;
- Como pesquisar de forma segura e confiável;
- Como usar a IA de forma ética e inteligente.
Além disso, para muitos estudantes, a escola é o único lugar onde têm contato com um computador de verdade. Isso precisa ser valorizado. Se tirarmos essa oportunidade, eles ficarão ainda mais atrás no mercado de trabalho e nas provas de ingresso ao ensino superior.
Principais Pontos sobre Suécia reduz tecnologia na escola
- A Suécia decidiu abandonar a proposta de educação 100% digital após queda nos resultados de leitura.
- O país investirá 480 milhões de coroas suecas na compra de livros físicos e revisão do uso de tecnologia.
- Problemas como distração, superficialidade na leitura e falta de interação influenciaram a decisão.
- O Brasil ainda fornece livros físicos e está longe de uma digitalização total.
- Escolas brasileiras precisam da tecnologia para equilibrar desigualdades de acesso.
- Devemos usar a tecnologia com orientação, e não como substituta do professor.
FAQ
Porque o uso excessivo de telas causou queda no desempenho dos alunos em leitura e concentração.
Não. O Brasil ainda usa livros físicos e tem dificuldades para implantar tecnologia em todas as escolas.
Aproximadamente 480 milhões de coroas suecas para retomar o uso de livros físicos.
Sim. Uma lei recente proibiu o uso de celulares nas escolas, para evitar distrações.
Não. Deve-se usá-la com equilíbrio e orientação, como apoio ao aprendizado.
Sim. Muitos só têm acesso a computadores na escola, e isso é essencial para a inclusão digital.
A decisão da Suécia mostra que nem sempre o que parece moderno é o melhor caminho para a educação. A tecnologia pode ser incrível, mas precisa ser usada com sabedoria, equilíbrio e sempre com foco na aprendizagem real.
Para o Brasil, o recado é claro: não devemos copiar modelos estrangeiros sem refletir sobre nossa realidade. Aqui, precisamos continuar investindo em estrutura, capacitação de professores e políticas de inclusão digital. Mas sem esquecer que o livro, o caderno, o lápis e a escuta atenta de um bom professor nunca sairão de moda.
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